Gregório de Matos Guerra (1636 - 1696)
Poeta do movimento barroco
brasileiro, Gregório de Matos Guerra nasceu no dia 23 de dezembro de
1636 em Salvador. Filho de pais abastados, seguiu a carreira jurídica e
aos 19 anos foi a Portugal, com o intuito de cursar Direito na faculdade
de Coimbra, onde trabalhou como juiz de fora na cidade de Alcácer do
Sal (na região do Alentejo). Ainda em Portugal, é nomeado representante
da Bahia nas cortes de Lisboa e, em 1672, torna-se procurador. Em 1679 é
nomeado Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia pelo então
arcebispo Gaspar Barata de Mendonça e, em 1682 é nomeado tesoureiro-mor
da Sé pelo rei D. Pedro II de Portugal. Retorna ao Brasil em 1683, mas é
destituído de suas funções por desacatar ordens da instituição
religiosa, como a de não utilizar o vestuário exigido para seu cargo e,
em 1685 é denunciado sob a acusação de que seus costumes e suas opiniões
críticas não condiziam com esperado de alguém que exerce funções dentro
de uma instituição sagrada. Nesse mesmo período, nutre inimizade tanto
com pessoas influentes quanto com pessoas mais simples da sociedade
baiana, o que acaba por gerar muitos dos seus poemas satíricos e
eróticos, principalmente os de cunho religioso.
Devido a sua postura
crítica, provoca a ira de um parente do governador-geral e é deportado
para Angola em 1694. Lá chegando, auxilia a conter uma revolta militar
local, recebendo como prêmio a possibilidade de retornar ao Brasil.
Porém, na impossibilidade de retornar à Salvador, decide se instalar em
Recife, onde permanece até falecer em 1696.
Obras
É considerado o primeiro
poeta genuinamente brasileiro pois, anteriormente, os que escreviam na e
sobre a colônia eram em sua maioria viajantes europeus ou jesuítas
vindos principalmente de Portugal (Companhia de Jesus). Além disso, é
responsável por uma vasta obra poética que começou a ser organizada e
publicada nas primeiras décadas do século XIX.
Gregório de Matos é autor de poesias satíricas
sobre autoridades civis e religiosas e ridicularizando costumes da
cidade que lhe desagradavam, sua língua afiada e a mordacidade de seus
versos lhe renderam o apelido de “Boca do Inferno”. Sua obra está dividida em três grandes temáticas: satírica (também conhecida por ser erótica e pornográfica), religiosa e amorosa as quais abarcam tanto o estilo cultista (valorização da forma) quanto o conceptista (valorização do conteúdo).
Embora Gregório de Matos
exercesse fascínio por muitos estudiosos e críticos literários, sua obra
só se tornou acessível ao público quando, entre os anos de 1923 e 1933,
a Academia Brasileira de Letras publicou uma coletânea em seis volumes
com toda a sua obra. Antes disso, a impressão de material na colônia sem
autorização da corte era proibida e seu material era publicado em
manuscritos e divulgado de mão em mão. Só mais adiante sua obra foi
transformada em códices, o que permitiu que numerosos jornalistas e
estudiosos das letras brasileiras se debruçassem sobre seus poemas e
publicassem poemas e fragmentos em periódicos e antologias. O mais
conhecido desse é o Florilégio da Poesia Brasileira (1850), uma compilação de 39 poemas de autoria do historiador Francisco Adolfo de Varnhagen e publicado em Lisboa.
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